"A minha recomendação seria que o Governo português mantivesse uma posição, fizesse parte de todo o processo de desenvolvimento", disse o líder da TAP, em entrevista ao jornal britânico.

Luís Rodrigues justificou que, daquela forma, garante-se que "se os atores mudarem, ninguém entrará com uma agenda diferente", apontando como exemplo a necessidade de servir as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.

O presidente da TAP, que tomou posse há cerca de um ano, defendeu ainda que se deve atrair investidores fora do setor da aviação, para contornar eventuais preocupações concorrenciais da Comissão Europeia com a consolidação de companhias aéreas.

"Acho que em algum momento poderemos estar prontos para uma venda de 100%, mas vamos passo a passo", realçou.

Os três grandes grupos europeus de aviação -- Air France-KLM, Lufthansa e IAG -- manifestaram interesse no negócio da TAP, após o anterior Governo ter anunciado, em 28 de setembro, a intenção de alienar pelo menos 51% do capital da TAP, reservando até 5% aos trabalhadores, e de querer aprovar em Conselho de Ministros até ao final do ano passado, ou "o mais tardar" no início de 2024, o caderno de encargos da privatização.

O executivo liderado por António Costa esperava ter a operação concluída ainda no primeiro semestre deste ano, mas não contava com a dissolução do parlamento e convocação de eleições legislativas antecipadas, em março, que deram a vitória à Aliança Democrática (PSD, CDS-PP E PPM).

Em declarações aos jornalistas, em Londres, por ocasião das comemorações do 75.º aniversário da ligação aérea Lisboa-Londres, na semana passada, Luís Rodrigues mostrou-se confiante num bom resultado financeiro no final do ano, apesar dos prejuízos no primeiro trimestre, que atribuiu ao aumento da massa salarial na companhia aérea.

A TAP comunicou prejuízos de 71,9 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um agravamento face ao resultado líquido negativo de 57,4 milhões registados no mesmo período do ano passado.

Em 2023, a companhia aérea registou um lucro 'recorde' de 177,3 milhões de euros.

O IAG foi o único dos três grupos de aviação europeus potencialmente interessados na privatização da TAP que melhorou os resultados no primeiro trimestre, com prejuízo de quatro milhões de euros, enquanto Air France-KLM e Lufthansa agravaram perdas, para 480 e 734 milhões de euros negativos, respetivamente.

MPE (BM) // CSJ

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